sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A FESTA DOS CONGRESSISTAS

Os deputados e senadores terminam 2010 literalmente por cima de nós. Sapateando nas nossas cabeças e exibindo uma cifra vergonhosa: 62% de aumento salarial. Muito acima da inflação do período de três anos em que não tiveram reajuste. Por mais que tentem esconder a euforia, não conseguem.
Francisco Everaldo da Silva, o Tiririca, o deputado federal mais votado do país, que esteve anteontem pela primeira vez na Câmara, falou: “Cheguei em um bom dia, dei sorte. Acho o aumento bacana, acho legal”.
É claro que ele e todos os seus futuros companheiros acharam bacana receber um aumento dessa natureza, que catapultará os salários de deputado e senador para R$ 26, 7 mil. Fora os muitos auxílios a que têm direito.
Quem não acha bacana somos nós que recebemos aumento raso, na linha da inflação, nada além. Mas se são eles que decidem, por que iriam deixar por menos? Contam com o esquecimento dos eleitores até a próxima eleição. Em país de pouca memória, é fácil cometer absurdos e sair ileso de certas atitudes.
Agora, senador, deputado federal, presidente, vice, ministros de Estado e ministros do Supremo ganharão o mesmo salário. Não haverá mais escalonamento. Todos estarão na mesma faixa. E que faixa. É para pouquíssimos.
Presidente e vice terão um reajuste de 133,9%, passando de R$ 11, 4 mil para R$ 26, 7 mil. Concordo que o presidente ganhar menos do que deputado e senador, como acontecia, significa uma grave distorção. Mas o vice ganhar o mesmo que presidente não tem sentido. Deputados, senadores e ministros também não poderiam ganhar tanto.
O efeito cascata desse aumento atingirá governadores, prefeitos, vices, vereadores. Em algumas cidades, vereadores terão salários que passarão dos R$ 10 mil e prefeitos ganharão mais de R$ 20 mil.
Que farra. Que delícia. Terão um Natal maravilhoso. São patrões de si mesmos, que decidem o aumento que querem. Essa de dizer que o patrão do político é o povo é uma frase que não passa de demagogia barata, ridícula. Na prática, isso não acontece.
Eles agem com uma liberdade espantosa. Liberdade de decidir o que é bom para eles e quase nunca o que é bom para todos nós. Como está a saúde? Como está a educação? Como está a segurança? Isso eles deixam para depois. O importante é que o bolso deles estará bem mais cheio a partir de agora. E nós, diante do espelho, com cara de palhaços olhando o circo que provavelmente continuará igual no ano que vem. Pode mudar um quadro ou outro, mas no conjunto será tudo igual. Muitos arranjos, muito espetáculo e pouca agilidade para votar projetos que melhorem significativamente a vida da população.
Quem ganha bem tem que mostrar serviço. Um executivo com um salário desses, se não render, é demitido. Já um político, com um mandato garantido por quatro anos, deita e rola, e não está nem aí para a população, com algumas exceções, é claro.
(Jaime Leitão)

Propostas a partir do texto acima:

1-Narração que coloque em destaque o conflito entre um trabalhador que ganha salário mínimo e um deputado que acaba de receber um grande aumento salarial.

2-Dissertação que tenha como tema: Aumento justo ou abusivo?

3-Carta a um deputado ou senador protestando contra o aumento salarial excessivo decidido pela Câmara e o Senado.

4-Crônica que tenha como tema o aumento dos salários de deputados, senadores, ministros...

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