Fonte: Folha de São Paulo
São Paulo, domingo, 27 de setembro de 2009
Primeiros suplentes beneficiados por PEC tomam posse em GO
Sessão teve festa e foguetório; possibilidade de implantação imediata da medida foi alvo de críticas
DA AGÊNCIA FOLHA
Em uma sessão solene, acompanhada por suplentes de vereadores de 50 municípios de Goiás, tomaram posse na Câmara de Bela Vista de Goiás (GO), anteontem, os dois primeiros suplentes que foram beneficiados pela emenda constitucional que aumentou o número de cadeiras nos Legislativos municipais.
O presidente da Casa, vereador Eliézer Fernandes (DEM), também presidente da UVG (União dos Vereadores de Goiás), disse que não há no momento nenhuma decisão judicial que impeça o cumprimento imediato da emenda.
"Tomamos a iniciativa de dar posse aos suplentes para dar um exemplo de cumprimento à lei. Não temos nada juridicamente que contrarie a emenda constitucional", disse Fernandes. "A sessão de posse foi uma festa, com foguetório e comemoração."
Promulgada na semana passada, a emenda constitucional nº 58 criou 7.709 vagas de vereador no país, mas ainda há dúvidas sobre a validade imediata da medida. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) prometeu recorrer ao STF para evitar a posse dos suplentes.
Já a Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo considerou ilegal a implantação imediata e enviou recomendação aos promotores eleitorais dos municípios do Estado para que busquem anular na Justiça a posse de suplentes nos cargos.
Bela Vista de Goiás (50 km de Goiânia) tem cerca de 22 mil habitantes e, até a semana passada, nove vereadores. Com a nova emenda promulgada, passou para 11 cadeiras. O salário dos vereadores é de R$ 3.715 para cinco sessões mensais.
Tomaram posse o suplente Luiz Pontes Neto (PR), do grupo político de Fernandes e do prefeito, e André Luís (PT), do grupo de oposição.
Fernandes disse que comunicou a iniciativa à juíza eleitoral, ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas dos Municípios, que fiscaliza os gastos das câmaras. (SÍLVIA FREIRE)
QUESTÕES:
1-Comente a notícia acima.
2-Qual é a sua opinião sobre o aumento de 7.709 vereadores no País?
PROPOSTAS TEMÁTICAS:
1-Dissertação: Mais vereadores para quê?
2-Narrativa: Um suplente de vereador conta a sua experiência amarga de se tornar vereador beneficiado pela nova lei. A narrativa passa-se no ano de 2011. Lembre-se que é ficção, não realidade.
3-Crônica: Câmara de vereadores? Parece um circo de horrores. A crônica pode se basear em alguma câmara de determinada cidade ou ser ficção, baseada um pouco em cada câmara que há por aí.
domingo, 27 de setembro de 2009
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
POLÊMICA EM TORNO DA NOMEAÇÃO DO NOVO MINISTRO DO SUPREMO
Fonte: Folha de São Paulo
São Paulo, segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Condenação de Toffoli não deve impedir aprovação
Revelação reforça a polêmica em torno de sua indicação a uma vaga como ministro do Supremo Tribunal Federal
Governo e oposição dizem que é remota a chance de a indicação ser barrada no Senado; advogado deve passar por sabatina na CCJ
Toffoli, indicado a vaga no STF
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A revelação de que o advogado José Antonio Dias Toffoli tem em seu currículo uma condenação judicial reforça a polêmica em torno de sua indicação a uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, mas não deve impedir a aprovação do nome dele pelo Senado.
Reservadamente, senadores governistas e da oposição dizem que é muito remota a chance de a indicação ser barrada. Toffoli, o escolhido do presidente Lula, deve ser submetido a uma sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) no dia 30.
Feita a sabatina, a indicação vai a voto na CCJ. Se aprovado, o caso segue para o plenário do Senado. Tanto na CCJ quanto no plenário, o regimento determina que as votações sejam secretas. O governo tem maioria nos dois colegiados.
Condenação
Toffoli e seus sócios no escritório de advocacia Firma Toffoli & Telesca Advogados Associados SC foram condenados pela 2ª Vara Cível do Amapá a devolver R$ 420 mil (R$ 700 mil em valores atualizados) aos cofres públicos do Estado por terem ganho uma licitação supostamente ilegal em 2001 para prestar serviços de advocacia ao governo.
O advogado já havia sido condenado em 2006 pela Justiça do Amapá por uma suspeita parecida. A sentença obrigava Toffoli e o procurador-geral do Amapá em 2000, João Batista Plácido, a ressarcirem o erário em R$ 19.720.
Segundo o governo, Toffoli recebeu o montante para defender a gestão do governador João Capiberibe (PSB) junto a tribunais superiores. O juiz do caso entendeu que houve irregularidade na publicação do contrato.
A assessoria de Toffoli afirmou que a sentença foi anulada no ano passado por ele não ter sido citado corretamente no processo. A ação ainda tramita.
Reputação ilibada
Na sexta-feira, Toffoli telefonou para o presidente da CCJ do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), para avisá-lo de que recorreu da condenação da 2ª Vara Cível do Amapá. Foi um gesto em defesa da tese segundo a qual, como não há uma condenação definitiva, seu nome atende ao requisito de "reputação ilibada", um dos a serem analisados pelo Senado.
A condenação de Toffoli se soma a outras polêmicas: ex-advogado do PT, ele se licenciou da Advocacia Geral da União, que defende o governo. Além disso, seu currículo é questionado - ele não fez mestrado ou doutorado e foi reprovado em dois concursos para juiz estadual, em 1994 e 1995.
Um dos principais críticos à escolha de Toffoli, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) diz que a condenação "é uma mancha irreversível". "A indicação compromete o presidente, e o aval a esta indicação compromete o Senado", diz ele.
QUESTÕES:
1-É correto o presidente da república indicar para ministro do Supremo alguém que tenha sido condenado em dois processos envolvendo desvio de dinheiro público?
2-Será que o Senado deixará de aprovar a indicação do presidente, vetando o nome de Toffoli para o STF?
PROPOSTAS TEMÁTICAS:
1-Dissertação: A responsabilide na escolha de um ministro do Supremo.
2-Narração: O protagonista sempre atropelou a ética e alcançou um cargo público muito importante no Executivo, Legislativo ou Judiciário.
3-Carta: Ao presidente da república questionando a nomeação de Toffoli para ministro do STF.
São Paulo, segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Condenação de Toffoli não deve impedir aprovação
Revelação reforça a polêmica em torno de sua indicação a uma vaga como ministro do Supremo Tribunal Federal
Governo e oposição dizem que é remota a chance de a indicação ser barrada no Senado; advogado deve passar por sabatina na CCJ
Toffoli, indicado a vaga no STF
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A revelação de que o advogado José Antonio Dias Toffoli tem em seu currículo uma condenação judicial reforça a polêmica em torno de sua indicação a uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, mas não deve impedir a aprovação do nome dele pelo Senado.
Reservadamente, senadores governistas e da oposição dizem que é muito remota a chance de a indicação ser barrada. Toffoli, o escolhido do presidente Lula, deve ser submetido a uma sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) no dia 30.
Feita a sabatina, a indicação vai a voto na CCJ. Se aprovado, o caso segue para o plenário do Senado. Tanto na CCJ quanto no plenário, o regimento determina que as votações sejam secretas. O governo tem maioria nos dois colegiados.
Condenação
Toffoli e seus sócios no escritório de advocacia Firma Toffoli & Telesca Advogados Associados SC foram condenados pela 2ª Vara Cível do Amapá a devolver R$ 420 mil (R$ 700 mil em valores atualizados) aos cofres públicos do Estado por terem ganho uma licitação supostamente ilegal em 2001 para prestar serviços de advocacia ao governo.
O advogado já havia sido condenado em 2006 pela Justiça do Amapá por uma suspeita parecida. A sentença obrigava Toffoli e o procurador-geral do Amapá em 2000, João Batista Plácido, a ressarcirem o erário em R$ 19.720.
Segundo o governo, Toffoli recebeu o montante para defender a gestão do governador João Capiberibe (PSB) junto a tribunais superiores. O juiz do caso entendeu que houve irregularidade na publicação do contrato.
A assessoria de Toffoli afirmou que a sentença foi anulada no ano passado por ele não ter sido citado corretamente no processo. A ação ainda tramita.
Reputação ilibada
Na sexta-feira, Toffoli telefonou para o presidente da CCJ do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), para avisá-lo de que recorreu da condenação da 2ª Vara Cível do Amapá. Foi um gesto em defesa da tese segundo a qual, como não há uma condenação definitiva, seu nome atende ao requisito de "reputação ilibada", um dos a serem analisados pelo Senado.
A condenação de Toffoli se soma a outras polêmicas: ex-advogado do PT, ele se licenciou da Advocacia Geral da União, que defende o governo. Além disso, seu currículo é questionado - ele não fez mestrado ou doutorado e foi reprovado em dois concursos para juiz estadual, em 1994 e 1995.
Um dos principais críticos à escolha de Toffoli, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) diz que a condenação "é uma mancha irreversível". "A indicação compromete o presidente, e o aval a esta indicação compromete o Senado", diz ele.
QUESTÕES:
1-É correto o presidente da república indicar para ministro do Supremo alguém que tenha sido condenado em dois processos envolvendo desvio de dinheiro público?
2-Será que o Senado deixará de aprovar a indicação do presidente, vetando o nome de Toffoli para o STF?
PROPOSTAS TEMÁTICAS:
1-Dissertação: A responsabilide na escolha de um ministro do Supremo.
2-Narração: O protagonista sempre atropelou a ética e alcançou um cargo público muito importante no Executivo, Legislativo ou Judiciário.
3-Carta: Ao presidente da república questionando a nomeação de Toffoli para ministro do STF.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
O CONFLITO E A GUERRA
Fonte: Folha de São Paulo
Folha Equilíbrio
São Paulo, quinta-feira, 17 de setembro de 2009
NEUROCIÊNCIA
Suzana Herculano-Houzel
Jogos de guerra
Ah, a globalização: ontem estava na minha casinha, hoje estou nos Estados Unidos cuidando da colaboração entre meu laboratório e o do Jon Kaas, da Universidade Vanderbilt.
Como nas últimas vezes, ele e sua mulher me hospedam. Enquanto começo a espalhar meus papéis na mesa da sala e decido por qual artigo começar, Jon cuida da sua tarefa habitual dos sábados: assistir aos jogos de futebol americano na televisão.
Foi assim que descobri que adoro o jogo. Acho muito mais divertido do que o nosso futebol, onde um jogo pode se arrastar por mais de uma hora com a bola rolando e sem um gol sequer. No futebol americano não tem enrolação: cada lance é emocionante, sempre tem algo acontecendo conforme um time tenta avançar míseros dez metros com a bola e o outro faz de tudo para impedir.
E ainda tem as peculiaridades das regras. Todas as regras de esportes são arbitrárias, mas as do futebol americano têm um objetivo muito importante: manter um certo nível de cavalheirismo e gentileza em um jogo onde o objetivo é derrubar quem estiver com a bola.
Acho divertidíssimo: não se pode encostar em quem estiver de mãos vazias, mas basta interceptar a bola e você se torna alvo -legítimo!- de uma dezena de brucutus vitaminados e protegidos pela versão "light" da armadura das guerras de outrora.
Por que gostamos tanto de assistir a embates esportivos? Posso pensar em várias razões -o prazer de conferir desempenhos excepcionais muito além de nossas capacidades cotidianas, a identificação com um jogador ou um time, o conforto de não precisar se mexer enquanto alguém faz isso por você.
Mas talvez esportes coletivos sejam especialmente empolgantes porque funcionam como substitutos das guerras de antigamente para satisfazer nossos desejos de sangue (metafórico e nem tanto) relacionados a dominação, territorialidade e aos nossos vínculos sociais: o senso de coletividade e a identificação com um grupo junto do qual nos opomos ao inimigo.
Existe até uma região no cérebro responsável pela formação desses vínculos sociais: os núcleos septais, bem na linha média do cérebro. Além disso, a neurociência já sabe que somos capazes de compartilhar do prazer das pessoas com quem nos identificamos, de modo que o prazer do seu jogador favorito ao fazer um gol se torna o prazer do seu sistema de recompensa também -e de uma nação inteira, quando o que está em jogo é a honra nacional. Se não há guerra, cria-se uma no gramado.
SUZANA HERCULANO-HOUZEL, neurocientista, é professora da UFRJ e autora do livro "Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor" (ed. Sextante) e do blog "A Neurocientista de Plantão" (www.suzanaherculanohouzel.com )
suzanahh@gmail.com
QUESTÕES:
1-Comente o artigo de Suzana Herculano-Houzel
2-Será que nunca superaremos o nosso vínculo com a disputa e o conflito?
PROPOSTAS TEMÁTICAS:
1-Dissertação: O conflito move a narrativa e também as relações humanas.
2-Narração: Narrador-personagem relata como a sua vida ganhou impulso a partir do momento em que um colega de trabalho ou de escola passou a atormentá-lo.
3-Carta: Namorado escreve carta à namorada explicando que, apesar de gostar muito dela, está rompendo o namoro por ela ser boazinha demais, concordar com tudo, tendo com isso tornado a relação monótona.
4-Crônica: Escreva uma crônica a partir da frase de Carlos Drummond de Andrade: "A guerra é o estado natural do homem, a paz são as férias."
5-Dissertação: O ser primitivo que nos habita pode mais que o animal racional que afirmamos ser?
Folha Equilíbrio
São Paulo, quinta-feira, 17 de setembro de 2009
NEUROCIÊNCIA
Suzana Herculano-Houzel
Jogos de guerra
Ah, a globalização: ontem estava na minha casinha, hoje estou nos Estados Unidos cuidando da colaboração entre meu laboratório e o do Jon Kaas, da Universidade Vanderbilt.
Como nas últimas vezes, ele e sua mulher me hospedam. Enquanto começo a espalhar meus papéis na mesa da sala e decido por qual artigo começar, Jon cuida da sua tarefa habitual dos sábados: assistir aos jogos de futebol americano na televisão.
Foi assim que descobri que adoro o jogo. Acho muito mais divertido do que o nosso futebol, onde um jogo pode se arrastar por mais de uma hora com a bola rolando e sem um gol sequer. No futebol americano não tem enrolação: cada lance é emocionante, sempre tem algo acontecendo conforme um time tenta avançar míseros dez metros com a bola e o outro faz de tudo para impedir.
E ainda tem as peculiaridades das regras. Todas as regras de esportes são arbitrárias, mas as do futebol americano têm um objetivo muito importante: manter um certo nível de cavalheirismo e gentileza em um jogo onde o objetivo é derrubar quem estiver com a bola.
Acho divertidíssimo: não se pode encostar em quem estiver de mãos vazias, mas basta interceptar a bola e você se torna alvo -legítimo!- de uma dezena de brucutus vitaminados e protegidos pela versão "light" da armadura das guerras de outrora.
Por que gostamos tanto de assistir a embates esportivos? Posso pensar em várias razões -o prazer de conferir desempenhos excepcionais muito além de nossas capacidades cotidianas, a identificação com um jogador ou um time, o conforto de não precisar se mexer enquanto alguém faz isso por você.
Mas talvez esportes coletivos sejam especialmente empolgantes porque funcionam como substitutos das guerras de antigamente para satisfazer nossos desejos de sangue (metafórico e nem tanto) relacionados a dominação, territorialidade e aos nossos vínculos sociais: o senso de coletividade e a identificação com um grupo junto do qual nos opomos ao inimigo.
Existe até uma região no cérebro responsável pela formação desses vínculos sociais: os núcleos septais, bem na linha média do cérebro. Além disso, a neurociência já sabe que somos capazes de compartilhar do prazer das pessoas com quem nos identificamos, de modo que o prazer do seu jogador favorito ao fazer um gol se torna o prazer do seu sistema de recompensa também -e de uma nação inteira, quando o que está em jogo é a honra nacional. Se não há guerra, cria-se uma no gramado.
SUZANA HERCULANO-HOUZEL, neurocientista, é professora da UFRJ e autora do livro "Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor" (ed. Sextante) e do blog "A Neurocientista de Plantão" (www.suzanaherculanohouzel.com )
suzanahh@gmail.com
QUESTÕES:
1-Comente o artigo de Suzana Herculano-Houzel
2-Será que nunca superaremos o nosso vínculo com a disputa e o conflito?
PROPOSTAS TEMÁTICAS:
1-Dissertação: O conflito move a narrativa e também as relações humanas.
2-Narração: Narrador-personagem relata como a sua vida ganhou impulso a partir do momento em que um colega de trabalho ou de escola passou a atormentá-lo.
3-Carta: Namorado escreve carta à namorada explicando que, apesar de gostar muito dela, está rompendo o namoro por ela ser boazinha demais, concordar com tudo, tendo com isso tornado a relação monótona.
4-Crônica: Escreva uma crônica a partir da frase de Carlos Drummond de Andrade: "A guerra é o estado natural do homem, a paz são as férias."
5-Dissertação: O ser primitivo que nos habita pode mais que o animal racional que afirmamos ser?
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
11 DE SETEMBRO
PROPOSTAS TEMÁTICAS:
1-Escreva uma dissertação a partir do tema: O 11 de setembro oito anos depois.
2-Mais uma dissertação: Os inúmeros 11 de setembro que a mídia esquece.
3-Escreva uma crônica: Naquele dia 11 de setembro, eu estava...
1-Escreva uma dissertação a partir do tema: O 11 de setembro oito anos depois.
2-Mais uma dissertação: Os inúmeros 11 de setembro que a mídia esquece.
3-Escreva uma crônica: Naquele dia 11 de setembro, eu estava...
domingo, 6 de setembro de 2009
O PERIGO DA ESPECULAÇÃO ATIVA
Fonte: Folha de São Paulo
São Paulo, domingo, 06 de setembro de 2009
YOSHIAKI NAKANO
As novas minibolhas
--------------------------------------------------------------------------------
O que deveria preocupar as autoridades econômicas não é a inflação, mas a possível formação de novas bolhas
--------------------------------------------------------------------------------
A IMENSA rede de socorro, sem precedentes na história, lançada pelos governos de todo o mundo sobre o sistema financeiro, evitou seu colapso total. Da mesma forma, a rápida reação deles, injetando recursos fiscais para sustentar a demanda agregada, evitou a Depressão. Mais rapidamente do que todos esperavam, as economias já começam a esboçar uma reação.
Ainda assim, as desenvolvidas deverão sofrer, neste ano, contração de mais de 4% nos seus PIBs. Em 2010, os países da zona do euro, agora mais otimistas, esperam crescimento pífio de 0,2%; e o desemprego deverá continuar aumentando. Ninguém espera resultados muito melhores para os EUA. O que não sabemos ainda é se a recuperação terá formato de U, com base achatada e prolongada, ou W ou WWW, como ocorreu com o Japão depois da crise financeira que explodiu no final de 1989. Tudo dependerá se os governos serão capazes de enfrentar alguns desafios que já se colocam.
O principal desafio será a nova regulação e controles que deverão ser impostos sobre o sistema financeiro. Bolhas e crises só prosperam se houver expansão excessiva de crédito. Na atual crise, a expansão excessiva de crédito não veio do sistema bancário tradicional -instituições que captam depósitos e fazem empréstimos limitados e sob controle dos bancos centrais. Essas instituições perderam espaço nas últimas décadas: enquanto em 1980 respondiam por cerca de 55% do total de ativos do sistema, em 2005 sua participação havia caído para 24%.
A forte e descontrolada expansão de liquidez e crédito veio de novos instrumentos e novas instituições introduzidas exatamente para contornar a regulação adotada depois da crise de 1930. Operações de mercado com a securitização financiadas no mercado de moeda tiveram um papel preponderante. Diversos tipos de fundo, as corretoras e as distribuidoras desenvolveram capacidade ilimitada de gerar crédito através de operações puramente especulativas. Os próprios bancos tradicionais desenvolveram operações não registradas nos seus balanços, endividando-se no curtíssimo prazo para financiar compras de ativos mais rentáveis de longo prazo, inclusive os títulos lastreados em hipotecas "subprime". Esse imenso "sistema bancário paralelo" é que deverá ser um dos focos da nova regulação.
Enquanto isso, esse "sistema bancário paralelo" continua com suas operações especulativas e tudo indica que já criou novas minibolhas que poderão trazer novas instabilidades financeiras. Como explicar o boom das Bolsas de alguns países emergentes, o petróleo a mais de US$ 70 o barril e a recuperação do preço de algumas outras commodities em plena recessão mundial? A operação de salvamento do sistema financeiro levou os bancos centrais a injetar trilhões de dólares, a uma taxa de juros próxima a zero, portanto municiando esse sistema com recursos a custos próximos de zero para especular, inflando os preços de alguns ativos. O que deveria preocupar as autoridades, devido à excessiva expansão monetária em resposta à crise, não é a inflação, mas a formação de novas bolhas -portanto de novas crises dentro da crise.
--------------------------------------------------------------------------------
YOSHIAKI NAKANO , 65, diretor da Escola de Economia de São Paulo, da FGV (Fundação Getulio Vargas), foi secretário da Fazenda do Estado de São Paulo no governo Mario Covas (1995-2001).
QUESTÕES:
1- A partir do texto, responda: o que são as minibolhas?
2-Dá para imaginar uma economia que consiga extirpar as minibolhas?
PROPOSTAS TEMÁTICAS:
1-Escreva uma dissertação que tenha como tema: Como combater as minibolhas?
2-Escreva uma narração em que o protagonista seja um cientista especializado em nanotecnologia, que entra em uma minibolha para ter uma nova visão das pessoas e do mundo a sua volta.
3-Escreva uma carta ao articulista e professor Yoshiaki Nakano comentando o seu artigo sobre as minibolhas.
São Paulo, domingo, 06 de setembro de 2009
YOSHIAKI NAKANO
As novas minibolhas
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O que deveria preocupar as autoridades econômicas não é a inflação, mas a possível formação de novas bolhas
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A IMENSA rede de socorro, sem precedentes na história, lançada pelos governos de todo o mundo sobre o sistema financeiro, evitou seu colapso total. Da mesma forma, a rápida reação deles, injetando recursos fiscais para sustentar a demanda agregada, evitou a Depressão. Mais rapidamente do que todos esperavam, as economias já começam a esboçar uma reação.
Ainda assim, as desenvolvidas deverão sofrer, neste ano, contração de mais de 4% nos seus PIBs. Em 2010, os países da zona do euro, agora mais otimistas, esperam crescimento pífio de 0,2%; e o desemprego deverá continuar aumentando. Ninguém espera resultados muito melhores para os EUA. O que não sabemos ainda é se a recuperação terá formato de U, com base achatada e prolongada, ou W ou WWW, como ocorreu com o Japão depois da crise financeira que explodiu no final de 1989. Tudo dependerá se os governos serão capazes de enfrentar alguns desafios que já se colocam.
O principal desafio será a nova regulação e controles que deverão ser impostos sobre o sistema financeiro. Bolhas e crises só prosperam se houver expansão excessiva de crédito. Na atual crise, a expansão excessiva de crédito não veio do sistema bancário tradicional -instituições que captam depósitos e fazem empréstimos limitados e sob controle dos bancos centrais. Essas instituições perderam espaço nas últimas décadas: enquanto em 1980 respondiam por cerca de 55% do total de ativos do sistema, em 2005 sua participação havia caído para 24%.
A forte e descontrolada expansão de liquidez e crédito veio de novos instrumentos e novas instituições introduzidas exatamente para contornar a regulação adotada depois da crise de 1930. Operações de mercado com a securitização financiadas no mercado de moeda tiveram um papel preponderante. Diversos tipos de fundo, as corretoras e as distribuidoras desenvolveram capacidade ilimitada de gerar crédito através de operações puramente especulativas. Os próprios bancos tradicionais desenvolveram operações não registradas nos seus balanços, endividando-se no curtíssimo prazo para financiar compras de ativos mais rentáveis de longo prazo, inclusive os títulos lastreados em hipotecas "subprime". Esse imenso "sistema bancário paralelo" é que deverá ser um dos focos da nova regulação.
Enquanto isso, esse "sistema bancário paralelo" continua com suas operações especulativas e tudo indica que já criou novas minibolhas que poderão trazer novas instabilidades financeiras. Como explicar o boom das Bolsas de alguns países emergentes, o petróleo a mais de US$ 70 o barril e a recuperação do preço de algumas outras commodities em plena recessão mundial? A operação de salvamento do sistema financeiro levou os bancos centrais a injetar trilhões de dólares, a uma taxa de juros próxima a zero, portanto municiando esse sistema com recursos a custos próximos de zero para especular, inflando os preços de alguns ativos. O que deveria preocupar as autoridades, devido à excessiva expansão monetária em resposta à crise, não é a inflação, mas a formação de novas bolhas -portanto de novas crises dentro da crise.
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YOSHIAKI NAKANO , 65, diretor da Escola de Economia de São Paulo, da FGV (Fundação Getulio Vargas), foi secretário da Fazenda do Estado de São Paulo no governo Mario Covas (1995-2001).
QUESTÕES:
1- A partir do texto, responda: o que são as minibolhas?
2-Dá para imaginar uma economia que consiga extirpar as minibolhas?
PROPOSTAS TEMÁTICAS:
1-Escreva uma dissertação que tenha como tema: Como combater as minibolhas?
2-Escreva uma narração em que o protagonista seja um cientista especializado em nanotecnologia, que entra em uma minibolha para ter uma nova visão das pessoas e do mundo a sua volta.
3-Escreva uma carta ao articulista e professor Yoshiaki Nakano comentando o seu artigo sobre as minibolhas.
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