Fonte: Folha de São Paulo
São Paulo, sexta-feira, 10 de julho de 2009
Cúpula promete corte para limitar aquecimento a 2°C
Meta de reduzir emissões em 50% até 2050, porém, é ocultada em documento
Lula e Obama dizem querer chegar a acordo mútuo para tentar estimular consenso global; novo tratado deve ser assinado em dezembro
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A ÁQUILA
As 17 maiores economias do mundo, também os maiores poluidores, salvaram parcialmente a face das negociações climáticas, ao colocar no papel a meta de conter em no máximo 2° Celsius o aumento da temperatura global em relação aos níveis da era pré-industrial. É o teto que uma ampla base de cientistas considera o máximo para evitar consequências catastróficas para o planeta.
"É um avanço", diz o principal negociador brasileiro para a discussão da mudança climática, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado.
Mesmo com esse teto, diz Machado, ainda haverá impactos importantes, mas obviamente eles serão menos catastróficos do que aqueles que se seguiriam a uma elevação maior da temperatura.
Para ficar no limite de 2°C, seria preciso reduzir à metade, até 2050, o nível de emissões de gases causadores do efeito estufa, que gera o aquecimento global, em relação a 1990, calcula o embaixador brasileiro. Mesmo assim, ressalva, é um cálculo "com um grau apenas razoável de confiabilidade".
Ou seja, há "níveis elevados de incerteza mas cravar 2°C é um número-guia positivo", acha Figueiredo Machado.
Quem reduz quanto
O problema é que não houve acordo nas várias cúpulas de Áquila em torno de quem deve reduzir quanto as suas emissões para que se contenha o aumento da temperatura nesse "número-guia positivo".
Por isso, o comunicado final da cúpula do MEF (Major Economies Forum ou Fórum das Grandes Economias) ficou sem qualquer número, exceto os 2°.
Sumiu o número que havia sido aprovado na véspera pelo G8 (50% de redução das emissões até 2050, sobre os níveis de 1990). Sumiu porque, se constasse do texto, começaria a contagem regressiva para que os países emergentes também adotassem reduções substanciais, para as quais ainda não estão preparados.
No final, ficou apenas o compromisso de os países desenvolvidos "assumirem a liderança" na adoção de "reduções agregadas e individuais no médio prazo, consistentes com nossos ambiciosos objetivos de longo prazo".
"Médio prazo" é a palavra-chave da divergência entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento: "Sem haver também uma meta de médio prazo, o longo prazo perde credibilidade", diz o embaixador Figueiredo Machado.
Emenda: "Se não ficar claro o esforço que se deve fazer agora, parece que se está empurrando o problema com a barriga".
Qual é a proposta do Brasil e de muitos outros emergentes para o médio prazo, ou seja, para 2020? Que os países desenvolvidos reduzam em 40% suas emissões em relação aos níveis de 1990. E os países em desenvolvimento, como o Brasil? Não há um número, mas há um conceito: "Um desvio substancial em relação ao padrão habitual [de emissão de gases]", responde Figueiredo Machado.
O conceito foi expressamente assumido na declaração final do MEF, claro que sem mencionar números. O único número que apareceu até agora para quantificar o "desvio substancial" é de um estudo da União Europeia: de 15% a 30% menos de emissões. Implicaria um custo econômico significativo, diz o governo brasileiro.
Juntos em Copenhague
Os presidentes Barack Obama e Luiz Inácio Lula da Silva trataram da mudança climática em um cordial encontro de meia hora. Deixaram de lado as nítidas divergências entre os dois países para enfatizar o desejo de cooperarem para chegar à decisiva cúpula de Copenhague, em dezembro, com uma posição conjunta, aberta à adesão de outros países.
Obama deixou claro a Lula que enfrentará dificuldades no Congresso para conseguir aprovar a legislação recentemente enviada e que prevê um amplo leque de opções para limpeza ambiental.
Lula não repetiu ante Obama o que dissera na véspera: "os países ricos querem que os países em desenvolvimento assumam a redução da poluição".
QUESTÕES:
1-Dá para confiar no acordo firmado entre os participantes da Reunião de Cúpula, em Áquila, na Itália, de diminuir a emissão de gases poluentes na atmosfera, controlando a aquecimento global?
2-E Lula parece realmente interessado em controlar a emissão desses gases aqui no Brasil?
PROPOSTAS TEMÁTICAS:
1-Escreva uma dissertação que tenha como tema: Entre o discurso ea prática de combater o aquecimento global, há um fosso de tamanho incalculável.
2-Escreva uma narrativa que se passe daqui a cinquenta anos e que tenha como protagonista um personagem que conta como é o mundo nessa época. Não deixe de lado o conflito.
3-Escreva uma carta a um jornal comentando a Reunião de Cúpula em Áquila.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
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