segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O DOPING CADA VEZ MAIS SOFISTICADO

O DOPING GENÉTICO
JAIME LEITÃO

Os atletas, pelo menos grande parte deles, utilizam todos os seus recursos para vencer. Seria normal agir dessa forma se os recursos procurados não fossem lesivos à saúde e às regras de civilidade e de respeito aos adversários. Mas o doping, usado por atletas de todas as categorias, principalmente os de ponta, cada vez mais se sofistica e está invadindo o terreno da genética.
O bioeticista Mark Frankel, da Associação Americana para o Avanço da Ciência, afirmou em entrevista à “Folha” no domingo último que o doping genético deverá ser usado na Olimpíada de 2016, no Rio.
Esse doping é feito utilizando-se a geneterapia, que consiste em inserir com a ajuda de um vírus genes normais no lugar de genes defeituosos em portadores de doenças genéticas. O problema é o mau uso dessa técnica para melhorar o desempenho artificialmente -usando um trecho de DNA, que leve à fabricação de hormônios com o objetivo de turbinar os músculos, ou outro que provoque um aumento também artificial dos glóbulos vermelhos.
Há dois problemas aí: o primeiro é transformar a Olimpíada e outras competições em uma disputa de atletas “bombados”, artificiais, robôs, que ganharão medalhas sem merecê-las. Em segundo, esse tratamento em pessoas saudáveis poderá causar doenças graves e até a morte dos atletas. Para Frankel, a Olimpíada do Rio, em 2016, corre sério risco de ficar marcada por esse tipo de doping. Já há atletas procurando cientistas buscando tratamentos experimentais para melhorar o rendimento. Aí é que entra o doping genético , que ainda não pode ser detectado em nenhum tipo de exame.
Os cientistas éticos correm contra o relógio para evitar que na Olimpíada de Londres, em 2012, e, principalmente, na Olimpíada do Rio, em 2016, essa nova modalidade de doping seja utilizada em larga escala. Tudo indica que será usada, mas o objetivo dos cientistas é fiscalizar duramente e punir os “dopados genéticos” para não estragar o brilho da competição.
Enquanto isso, os cientistas não-éticos, muito mais interessados nos resultados das suas pesquisas do que em saber em que utiliza as novas descobertas e para que fins, abrem um espaço perigoso para que o esporte se transforme em uma disputa de atletas artificiais ao extremo, com músculos fabricados em laboratório e um rendimento que será mérito do cientista e não do atleta. Será a ficção científica entrando na realidade de forma assustadora. É um excelente tema para um filme hollywoodiano. Uma Olimpíada de atletas com genes modificados artificialmente, explodindo durante uma corrida como se fossem bombas humanas.
Quem garante que na última Olimpíada de Pequim alguns atletas já não utilizaram o doping genético? A beleza do esporte reside no esforço de cada um, não no uso de recursos estranhos e criminosos.

Propostas temáticas:

1-Narração: O narrador-personagem conta do seu arrependimento de ter dopado geneticamente muitos atletas, causando problemas de saúde sérios em vários deles.

2-Dissertação: O futuro do esporte ameaçado pelo doping genético.

3-Crônica: Só faltava essa: doping genético.

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