segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

DA REALIDADE PARA A LÍNGUA

CÁRIE EM DENTE DE HIPOPÓTAMO

JAIME LEITÃO


A notícia está no site da BBC Brasil: “Dentista trata cárie de hipopótamo sem anestesia.” O meu primeiro pensamento veio instantâneo: o dentista foi engolido pelo hipopótamo. Não há nada de exagerado nesse meu raciocínio. Felizmente, o tratamento foi feito e o dentista continua vivo e preparado para tratar dentes de jacaré e outros bichos no futuro.

O fato relatado foi: “Um hipopótamo de quase três toneladas foi submetido a um tratamento dentário sem uso de anestesia na última quarta-feira no zoológico Santa Fé, em Medellín, na Colômbia.

O hipopótamo chamado Orion danificou um dos dentes incisivos do maxilar inferior em outubro do ano passado, ao morder uma coluna de metal. A lesão não era grave, mas apresentava riscos de inflamação e infecção a longo prazo, podendo até vir a causar a morte do animal.”

Os hipopótamos, apesar do tamanho e da ferocidade, são animais sensíveis e podem morrer asfixiados se tomarem anestesia. Para não haver nenhum acidente, o tratador de Orion, Jorge Aguirre, durante três meses ensinou o animal a abrir a boca e mantê-la aberta durante períodos de dez minutos. Foram aulas de paciência e coragem. Isso possibilitou que a cárie fosse tratada em várias etapas. E o detalhe é que quem colocou a mão e a cabeça dentro da boca do hipopótamo foi o tratador e não o dentista, que ficou só orientando Aguirre para que fizesse tudo certo.

Esse acontecimento, que não deixa de ser extraordinário, poderia também se transformar em uma expressão que permaneça viva na oralidade, na linguagem que usamos nas nossas conversas nas mais variadas ocasiões.

Por exemplo, quando alguém está sempre armando encrenca, poderíamos dizer que está procurando cárie em dente de hipopótamo, que é uma confusão das maiores. Ainda mais se o animal não for treinado como esse hipopótamo do zoológico de Medellín.Tem gente que procura não só cárie em dente de hipopótamo, mas faz cócegas em leão para ver se ele reage. Ou, ainda, abraça tamanduá para ver se ele aperta.

Podemos usar metáforas, criar expressões as mais variadas para nos comunicarmos com pessoas que, sem o mínimo de humor, podem se tocar com o nosso humor. E temos o recurso de extraí-las tanto da imaginação quanto de fatos reais, que mais parecem ficção. Realidade e ficção não param de se tocar e é possível aproveitar isso para inventar textos, expressões e tornar as nossas relações mais leves, principalmente em uma situação de conflito.

Muitas expressões surgiram de pessoas simples, anônimas, que têm uma imaginação incomum. A criatividade existe em todos nós e pode ser acionada na hora que quisermos. Basta nos abrirmos para ela.

PROPOSTAS TEMÁTICAS:

1-Dissertação: A LINGUAGEM ORAL E POPULAR PODE SER CRIATIVA.

2-Narrativa: No decorrer da narração, insira a expressão "cárie em dente de hipopótamo.

3-Narrativa: Um veterinário relata um fato grave que ocorreu no início da sua vida profissional que o fez abandonar a profissão e partir para outro ramo de atividade. Narre em primeira pessoa. Detalhe bem o conflito.

4-Crônica: Certas expressões nos confundem e nos deixam em situações constrangedoras. Explore essa ideia, utilizando diálogos ou não.

5-Narrativa: O espaço da narrativa é um zoológico. Narre em primeira ou em terceira pessoa.

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