domingo, 8 de março de 2009

BOLSA-HABITAÇÃO


Casa popular


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Domingo, 8 março de 2009
OPINIÃO


Sobra retórica e falta objetividade


No comportamento do governo federal a respeito do problema habitacional tem sobrado retórica, com promessas bombásticas que não conseguem disfarçar seu fundo eleitoral, e faltado objetividade e realismo. O resultado é que até agora, apesar de todo o barulho feito para chamar a atenção da população para planos habitacionais voltados para as faixas de renda baixa e média, o que existe de concreto é pouco.

A primeira previsão do governo era construir 200 mil moradias, número que em pouco tempo mais do que dobrou, passando para 500 mil. Em três de fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assegurava que em dez dias os ministros Dilma Rousseff, da Casa Civil, Guido Mantega, da Fazenda, e Márcio Fortes, das Cidades, deveriam apresentar-lhe “um plano para construir 500 mil casas neste país, além das casas que a Caixa já constrói”. Três semanas depois, às vésperas do carnaval, o número de casas a serem construídas até o fim do atual governo simplesmente dobrou, chegando a 1 milhão.

Na sua mais recente manifestação sobre o problema, o governo foi ainda mais ambicioso. Além de construir 1 milhão de moradias até 2010, ele pretende subsidiar quase inteiramente a compra da casa própria para os mutuários mais pobres. Deverá haver financiamentos com prestações entre R$ 15 e R$ 20 para famílias com renda de até três salários mínimos (R$ 1.395). Por isso, o plano já está sendo chamado de Bolsa-Habitação.

Em princípio, planos como esse são bem-vistos por muitos economistas e empresários, porque, além de seu aspecto social, eles constituem a seu ver uma indicação de que o governo está preocupado em enfrentar a crise, já que estímulos à construção civil ajudam a reduzir o desemprego.

Ninguém em sã consciência pode ser contra medidas tão generosas. O grande problema é saber se elas são viáveis. Nem se sabe, por exemplo, se haverá mão de obra qualificada para construir tantas casas em tão pouco tempo. Mas a grande dificuldade a ser superada é a dos recursos necessários para executar tal plano, já que só os do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) são claramente insuficientes. Por isso, o governo quer que os governadores eliminem ou reduzam a cobrança do ICMS sobre material de construção. Por que fariam isso se os dividendos políticos do plano ficariam com o governo federal, e se alguns deles são potenciais candidatos à Presidência? Mesmo que fizessem, ainda seriam necessários mais recursos para tornar realidade o Bolsa-Habitação. De onde eles viriam? Enquanto essas perguntas não tiverem respostas satisfatórias - e dificilmente as terão -, o plano habitacional do governo federal ficará no terreno das boas - e politicamente motivadas - intenções.

QUESTÕES:

1-Explique o título do editorial do Jornal da Tarde de hoje: Sobra retórica e falta objetividade?

2-A já conhecida como Bolsa-Habitação tem um apelo eleitoral forte? Justifique.

PROPOSTAS TEMÁTICAS:

1-Escreva uma dissertação que tenha como tema: A Habitação no Brasil: problema de difícil solução.

2-Escreva uma narrativa em que o protagonista mora em uma casa de um Plano de Habitação, muito precária. Trabalhe bem o conflito.

3-Escreva uma carta ao presidente da república pedindo que o Bolsa-Habitação possibilite ao missivista finalmente ter a sua casa própria. E que seja boa.

4-Escreva uma tira que aborde o problema da habitação.

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