segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

CHÁVEZ VENCE REFERENDO


Folha de S.Paulo
16/02/2009
Referendo sobre reeleição ilimitada divide Venezuela; veja repercussão
colaboração para a Folha Online

Os jornais venezuelanos desta segunda-feira refletem o resultado apertado que o presidente, Hugo Chávez, obteve no referendo realizado neste domingo (15) que aprovou a implantação da reeleição ilimitada no país --o "sim" recebeu 54% dos votos.

Reuters

Hugo Chávez celebra vitória em referendo deste domingo; 54% aprovam aprovam candidatura de presidente nas eleições de 2012
Chávez, que está no poder há dez anos, prometeu retribuir o apoio que recebeu principalmente da maioria mais pobre da população combatendo uma das principais preocupações do país, a violência. A Venezuela tem uma das taxas de homicídio mais altas do mundo.

O jornal "El Nacional", opositor ao governo, publicou nesta segunda-feira que "Chávez ganha direito de se reeleger após um processo infestado de vícios", enquanto o "Últimas Notícias", jornal de maior tiragem do país, abre aspas às declaração de "grande vitória" do presidente como manchete.

Também afinado a Chávez, "El Universal" exalta que "54,36% dos cidadãos disseram 'sim' à emenda constitucional que permitirá se candidatar indefinidamente o Presidente e todas as demais autoridades eleitas por voto popular".

Além da "grande vitória", o "Últimas Notícias" abre destaque para Chávez elogiar as autoridades eleitorais pelo "civismo" durante o referendo.

Já "El Nacional" tenta relativizar a vitória chavista porque "o presidente não alcançou a meta de 7 milhões de votos que tinha pedido a seus seguidores em 20 de janeiro".

Único jornal da capital que regularmente publica editoriais, ele publica um hoje com o título "De novo a armadilha", criticando a falta de habilidade da oposição venezuelana em lutar pelos votos dos eleitores indecisos ou neutros e dos que optaram pela abstenção. Para o jornal, a Comissão Eleitoral favoreceu "um regime militar que promove o ódio e divide a Venezuela em duas metades".
A fragmentada oposição, que teve na linha de frente um movimento estudantil inexperiente e sem recursos, tentou reduzir o valor da vitória do governo, dizendo que ela foi alcançada por meio de um grande financiamento público e com a cobertura televisiva estatal.

O veterano político oposicionista Teodoro Petkoff denunciou o uso "ilegal e sem escrúpulos" que, segundo ele, Chávez fez dos recursos estatais, e fez um desafio visando à votação presidencial, que deve ocorrer em pouco menos de quatro anos. "Eles podem comemorar hoje, mas no horizonte de 2012 está o fantasma de sua inevitável derrota", escreveu Petkoff em um editorial na primeira página de seu jornal, o "Tal Cual".

Políticas sociais

Popular, entre outros motivos, por fazer grande gastos sociais em hospitais, escolas e programas alimentares em favelas nas cidades e em aldeias remotas, Chávez conquistou 54% dos votos, permitindo que ele fique no governo enquanto continuar ganhando eleições.

Vestidos de vermelho, seus partidários percorreram as favelas ao redor da capital Caracas com cânticos de "Ê-ô, Chávez não se vai".

Depois de ser derrotado no referendo de 2007, Chávez mostrou a sua resistência e solidificou a sua posição como figura dominante na política venezuelana e líder esquerdista na América Latina.

O presidente sobreviveu a um golpe, a um referendo revogatório e a locautes nacionais liderados pela oposição empresarial, mantém a lealdade de muitos venezuelanos que dependem dele para o emprego, pensões e benefícios sociais. Grande parte da empobrecida maioria dos venezuelanos enxerga em Chávez um contraponto positivo às elites que governaram o país desde redemocratização, na década de 50, com um legado de democracia, mas também de corrupção e desigualdade social.

Enfrentando os efeitos da crise financeira mundial sobre o preço do petróleo, Chávez assumiu um tom cauteloso ao comemorar a vitória, dizendo a seus apoiadores que o governo não será capaz de acelerar os seus esforços para criar um Estado socialista este ano.

"Se nós reforçarmos aquilo que já fizemos e, em seguida, começando no próximo ano, estaremos em uma posição muito melhor para abrir novos horizontes", disse ele em discurso para partidários da varanda do palácio presidencial, no domingo.

Ele leu uma mensagem de felicitações do seu mentor, o ex-líder cubano Fidel Castro, mas absteve-se de sua habitual diatribe contra o "império do mal", os Estados Unidos.

Chávez disse que a Venezuela está blindada contra a crise financeira mundial, mas o seu governo tomou US$ 12 bilhões de reservas do banco central no mês passado, para garantir despesas. Sua vitória pode dar-lhe capital político para tomar decisões como a de aumentar os impostos para estancar a queda das receitas de exportações petrolíferas cujo por barril está US$ 100 dólares menos que no início do ano passado. O petróleo responde por mais de 80% das exportações venezuelanas.

"Como a vitória alarga o horizonte político do regime para além de 2012, o governo poderia se sentir mais forte para abraçar medidas impopulares, mas necessárias para lidar com os crescentes desequilíbrios macroeconômicos, e uma economia que se desacelera, travada pela baixa dos preços do petróleo e do peso da ineficiência das políticas públicas", disse Alberto Ramos, economista do banco americano de investimentos Goldman Sachs.
Com Associated Press e Efe

QUESTÔES:

1-Como explicar a vitória de Chávez no segundo referendo, para garantir a ele o direito de disputar reeleições de forma ilimitada, já que o primeiro ele perdeu?

2 -Pode-se dizer que na Venezuela há democracia?

3-Como você analisa o governo de Hugo Chávez?

PROPOSTAS TEMÁTICAS:

1-Escreva uma dissertação que tenha como tema: Na Venezuela, como em alguns outros países, a ditadura usa como disfarce a democracia.

2-Escreva uma dissertação que tenha com o tema: Lula poderá tentar um terceiro mandato, entusiasmado pela vitória de Chávez?

3-Escreva uma narração em que o narrador-personagem, estudante venezuelanoq que se opõe a CHávez conta como é viver resistindo a um governo fotre como o dele.

4-Escreva uma crônica ou uma dissertação que tenha como tema: A frágil democracia da América Latina.

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